
“É como se a gente estivesse fazendo a prova junto. Ficamos muito, muito, muito orgulhosos. Mas não foi surpresa. Só é surpresa pra quem não a conhece. E isso não só na natação. Isso na vida dela. Essa menina é incrível!”, diz seu mestre Jardel
Ao receber de volta sua atleta, com emoção evidente no semblante e nas palavras, o professor de natação do TCPP (Tênis Clube de Presidente Prudente), ressaltou que uma coisa interessante, como a nadadora mesmo comentou é que ela sempre foi uma atleta de provas curtas, de tiro rápido, mas não de provas de resistência, de longa distância. “Ela teve que se reinventar em várias maneiras, não só no ciclismo e na corrida, que foi algo novo, mas na natação porque sabia que precisava nadar de uma forma diferente. Então, foi tudo muito novo. Por exemplo, ela não tinha o hábito de pedalar, não era da turma do pedal. Mas confesso, não poderia esperar menos da Lívia”, exclama o professor abraçando sua menina e a comoção tomando conta de ambos e da esposa de Jardel, a também professora de natação do clube, Claudia Donega Neves.
Ele ainda acrescenta algo interessante para quem desconhece o mundo dos esportes. “Correr, pra quem é nadador, é algo assim muito difícil. É difícil um atleta da natação ter o prazer de correr, é muito difícil mesmo. Pra ela foi algo do zero, porque não estava habituada a fazer”, discorre.
Jardel lembra que o primeiro triatlo que Livia fez, em Presidente Epitácio, foi assim. Ela saiu bem da natação, na frente, chegou bem na bicicleta, mas a corrida foi muito sofrida. “Exatamente porque era algo muito novo. Analise assim, depois de você fazer 6, 7 horas de uma prova, ter que encarar uma maratona correndo 42 km [quilômetros], como assim? Você pedalou daqui até mais de Londrina! Para quem não tinha esse hábito…”, explana.
Jardel menciona que às vezes as pessoas não tem a noção da magnitude da coisa. Dizem: “ah, mas ganhou”. “Espera, mas não é só isso: ganhar. O que é ganhar? Antes disso existe toda uma superação. Todo um esforço, envolvimento não só dela, mas da família. Porque queira ou não, o esforço é dela, mas o envolvimento do marido, da mãe, da filha, que teve que entender que a mamãe estava cansada e muitas vezes não pode passear com ela, acompanhar nas atividades e etc”, acentua.
Entretanto, orgulhoso, Jardel exalta que Livia conseguiu conciliar tudo isso, o trabalho, a família. Tudo. Ele faz questão de frisar o quão difícil é mensurar todo esse projeto de sua pupila. Dois anos de treinamento intenso. E chegado o momento, ela que pensava completar a prova em 13 horas, conclui em pouco mais 12 horas. “Ou seja, quase uma hora mais rápido do que era sua expectativa. Normalmente, a pessoa treina para no ápice chegar a isso. Ela foi ao contrário. Fez um ou dois Triátlons pequenos e do nada voou”, exalta.
Neste instante, todos muito emocionados, Jardel conta que durante a prova, estava viajando com a esposa, mas ficaram o dia inteiro com o celular na mão acompanhando o trajeto de Lívia pelo aplicativo. “É uma prova muito longa, você tem que parar para se hidratar, se alimentar, ir ao banheiro. E nós ali acompanhando no aplicativo, de repente ela para. E desesperado eu falo: Claudia, ela parou. Por que ela parou? Faltam três quilômetros. Calma, ou está com câimbra, foi ao banheiro ou comer, se hidratar. Daí ela começa a se movimentar novamente. Ufa!”, lembram todos com a voz embargada, lágrimas escorrendo pelo rosto dos três!
Orgulho que cabe no peito!
Jardel comenta que não tem 100% de certeza. Mas 99% de que Livia é a primeira mulher de Presidente Prudente a fazer o Ironman completo. Ele diz que a cidade tem ótimas atletas que fazem outras provas, como a 70.3, que é a metade do trajeto. O Full, que é o Ironman, acredito que seja a primeira prudentina. Ele reforça que a torcida não era apenas dele e de Claudia, mas no grupo, os alunos todos acompanhavam.
“É como se a gente estivesse fazendo a prova junto. Foi uma conquista dela. E ficamos muito, muito, muito orgulhosos. Mas não foi surpresa. Só é surpresa pra quem não a conhece. E isso não só na natação. Isso na vida dela. Essa menina é incrível!”, elogia o professor da pequena, hoje gigante notável.
Por Oslaine Silva – AI Tênis Clube
Fotos: AI Tênis Clube